quarta-feira, 6 de março de 2013

Os Demónios De Álvaro Cobra



A aldeia de Medinas seria um lugar bem mais aprazível não fosse contar-se entre os seus habitantes Álvaro Cobra, um lavrador que atrai fenómenos sobrenaturais e tão depressa é tido por bruxo como por santo: não chorou ao nascer, com três meses já tinha os dentes todos, consegue ouvir a terra a girar sobre si própria  tem uma cadela que advinha o tempo e, além disso, já morreu duas vezes - mas ressuscitou, e desde então um bando de grifos faz ninho no seu telhado. A sua estranheza impediu-o, porém, de arranjar mulher, mas o encontro com a filha de um nómada que vende torrão doce na Feira de Setembro promete mudar o estado das coisas, ainda que a união traga surpresas (nem sempre agradáveis  quer ao próprio lavrador, quer às mulheres da sua família  a bisavó Lourença, que conta cento e cinquenta anos mas guarda invejável lucidez; a mãe  que consegue trabalhar a terra com uma mão e cozinhar com a outra; ou mesmo Branca Mariana, a irmã excessivamente febril que vive prostrada numa cama onde os lençóis chegam a pegar fogo. Do casamento atribulado, nascerá Vicente, o filho de quem se espera uma existência completamente distinta da do pai. Porém, tratando-se de um Cobra, nunca fiando...

Ao ficcionar uma aldeia alentejana em finais do século XIX - na qual judeus, árabes e cristãos andam às turras e os mitos ganham terreno à realidade -, Carlos Campaniço oferece-nos uma galeria de personagens inesquecíveis  que vão de um anarquista alfabetizador à dona de um bordel ambulante, e recicla de uma forma original o realismo mágico para revisitar as virtudes e os defeitos das pequenas comunidades rurais do nosso Portugal.

Autor: Carlos Campaniço
Editora: Teorema
PVP: 15.90€


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